Direitos Trabalhistas na Mira do Mercado

CNI PROPÕE A TEMER ATAQUES A DIREITOS E ENTREGA DO PAÍS PARA A INICIATIVA PRIVADA

Nem bem tomou posse interinamente da presidência, Michel Temer já recebeu da Confederação Nacional da Indústria (CNI) algumas sugestões que mais parecem a volta ao século 19 quando pensamos em direitos trabalhistas. No total, a entidade apresenta 36 medidas que, na opinião dos empresários, devem ser implementadas pelo novo governo. As ações incluem flexibilização e mudança na legislação trabalhista, reforma da previdência, regulamentação da terceirização, o negociado prevalecendo sobre o legislado e maior participação de empresas privadas na exploração do petróleo, gás e serviços de água e esgoto. Ou seja, um grande pacote de maldades.

Não é de estranhar o interesse nos serviços de água e esgoto, que mesmo em tempos de crise hídrica mantém lucro para seus investidores. Em março deste ano, as multas superaram em mais de R$ 14 milhões os bônus concedidos para quem economizou água. O mercado está de olho em nossas principais matérias-primas como água, minérios e petróleo, recursos cada vez mais escassos no mundo. Também há grande interesse em nossa mão de obra, porém desde que seja mais barata, terceirizando serviços para que gere mais economia e renda para grandes empresários. Sempre foi assim, as aves de rapina do mercado se aproveitam dos períodos de crise para promover ataques históricos aos direitos e nível de vida dos trabalhadores.

Para a CNI, para que o país saia da crise, uma das medidas importantes é derrubar ou modificar o texto da NR 12, cujo objetivo da norma é garantir segurança aos trabalhadores no uso de máquinas e equipamentos novos ou usados. Mesmo com mais de 30 anos de sua regulamentação, a NR 12 ainda é vista como pedra nos sapatos da patronal e desrespeitada por muitas empresas. Prova disso são as mais de 50 mil mortes por ano, provocadas por acidentes com máquinas.

Sob o discurso de “aumentar a competitividade”, o empresariado propõe aumento das concessões em infraestrutura, melhores condições de crédito para as empresas e pela suspensão de novas obrigações acessórias que aumentam o custo e a burocracia para as empresas. Quase em tom de ameaça, chantagem, a Confederação reforça que, “apenas com a adoção dessas iniciativas, os empresários vão recuperar a confiança e voltar a investir”.

Governo e mercado contra interesses do trabalhador
Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, não existe fórmula mágica para retomada do crescimento: "A saída da grave crise econômica por que passa o país exige a adoção de uma série de medidas na área fiscal e de aumento da competitividade (...) É um conjunto de ações, que somadas à retomada do diálogo e à escolha de uma equipe eficiente, podem tirar o país da recessão".

Para a confederação, para que a reforma da Previdência e outras medidas polêmicas e prejudiciais para o trabalhador sejam executadas, o governo terá que enfrentar as ações chamadas de “populistas que vão atrasar ainda mais o desenvolvimento do país”.

É neste cenário que se desenham as lutas futuras do trabalhador. Precisamos de união entre todas as categorias, rumo à construção de uma greve geral, pois os ataques virão para tirar direitos de toda a classe, para criminalizar as lutas e desarticular as mobilizações, fragmentando cada vez mais a classe trabalhadora.

Veja as medidas exigidas pela indústria:

EFICIÊNCIA DO ESTADO PARA GARANTIR A SUSTENTABILIDADE FISCAL
1)    Reformar a Previdência Social
2)    Implementar mecanismos de controle do gasto público

ASSEGURAR A SEGURANÇA JURÍDICA NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
3)    Valorizar a negociação coletiva
4)    Regulamentar a terceirização
5)    Sustar ou alterar o texto da NR 12
6)    Excluir acidentes de trajeto do cálculo do FAP

REFORMA TRIBUTÁRIA
7)    Adotar o princípio do crédito financeiro do PIS-Cofins
8)    Ampliar os prazos de recolhimento de IPI e PIS-Cofins
9)    Permitir a compensação de créditos entre tributos federais
10)    Convalidar os incentivos fiscais do ICMS
11)    Reformar o ICMS  

ACELERAR O PROCESSO DE CONCESSÕES AO SETOR PRIVADO NA INFRAESTRUTURA
12)    Rever o regime de partilha em óleo e gás
13)    Modernizar as condições de acesso ao gás natural importado
14)    Modernizar as concessões para exploração de gás natural em terra
15)    Cobrar a CDE de forma proporcional
16)    Considerar os custos totais nos leilões de energia elétrica
17)    Aumentar a geração térmica na base do sistema
18)    Aumentar a participação privada nos serviços de água e esgoto
19)    Transferir as administrações portuárias ao setor privado
20)    Concluir o processo de revisão das poligonais dos portos organizados

PRIORIZAR AS EXPORTAÇÕES COMO MOTOR DO CRESCIMENTO
21)    Negociar acordos comerciais
22)    Aperfeiçoar os mecanismos de financiamento de comércio exterior
23)    Concluir a agenda de facilitação de comércio
24)    Ajustar a alíquota do Reintegra
25)    Criar condições para manutenção de um câmbio competitivo e estável

REGULARIZAR AS CONDIÇÕES DE CRÉDITO ÀS EMPRESAS
26)    Melhorar condições de capital de giro às empresas
27)    Estimular a ampliação do financiamento privado de longo prazo

SEGURANÇA JURÍDICA E REGULAÇÃO
28)    Disciplinar os procedimentos para desconsideração da personalidade jurídica
29)    Fortalecer as agências reguladoras
30)    Garantir autonomia do órgão licenciador do licenciamento ambiental
31)    Simplificar o licenciamento ambiental

INOVAÇÃO
32)    Regulamentar o Código Nacional de CT&I
33)    Aprimorar a Lei do Bem
34)    Assegurar que os recursos para a inovação cheguem às empresas
35)    Regulamentar o acesso ao patrimônio Genético
36)    Promover a melhoria operacional do INPI


Fonte: CNI
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