Mobilizações e
muito diálogo com os trabalhadores das unidades da Petrobrás no Litoral
Paulista. Foi assim que os diretores do Sindipetro-LP conduziram o trabalho de
base no mês de abril. Atrasos na RPBC, Pilões e Alemoa, na Baixada Santista;
atrasos no Tebar e UTGCA, no Litoral Norte; e rodas de
conversa com os trabalhadores das plataformas de Merluza e Mexilhão, no
Aeroporto de Itanhaém, e com os petroleiros do Edisa Valongo, em Santos.
Na RPBC,
aliás, diante da negativa do GG em recuar na decisão de cortar o “abono da
viradinha”, os atrasos não cessaram em nenhum dos grupos de turno. Iniciados no
dia 11 de abril, os atrasos seguirão sendo realizados até que a gerência retome
um direito adquirido que foi arrancado como retaliação à greve. O mesmo caminho
vem sendo trilhado pelos trabalhadores de turno do Tebar, em São Sebastião, que
estão articulando com o Sindicato uma resposta contundente às punições aos
grevistas de 2015. Supervisores e CTOs foram destituídos de seus cargos e
substituídos por engenheiros de outras regiões, que agora ocuparão a função de
Coturs. A decisão é claramente uma retaliação aos lutadores.
PROBLEMAS “LOCAIS” SÃO PARTE DO DESMONTE DA PETROBRÁS
Mas as
mobilizações no Tebar e na RPBC não são ações isoladas de suas gerências. Longe
de ser um problema pontual, todos os ataques e medidas que prejudicam o dia a
dia dos trabalhadores em cada unidade são, na verdade, parte do desmonte que
afeta a companhia. No Tebar, supervisores e CTO’s que fizeram greve retirados
de suas funções e substituídos por engenheiros; na RPBC, punição com a retirada
do “abono da viradinha”; no Terminal Alemoa, terceirização das caldeiras da
unidade; no terminal Pilões, insegurança crônica; na UTGCA, criação de novos
cargos de confiança para boicotar futuras greves; no Edisa Valongo, práticas
antissindicais; nas plataformas, problemas sistemáticos com a segurança dos
petroleiros embarcados e retaliações aos grevistas.
Ou seja, não
vivemos um período de tristes coincidências. Vivemos um período de ataques
articulados aos direitos e condições de trabalho da categoria. Adaedson Costa,
coordenador-geral do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP, tem sido taxativo
com a categoria: vivemos um momento histórico, um momento de grandes ataques,
mas essas medidas só serão aplicadas se os trabalhadores permitirem.
“Querem vender
qualquer ativo, não apenas a Transpetro ou BR Distribuidora. O que for
lucrativo na visão da direção será colocado à venda. Todos esses planos, desde
o não pagamento da PLR, o PIDV 2016, a batalha para nos impor uma derrota na
briga pela RMNR, tudo isso faz parte de um mesmo projeto: enxugar a companhia
para torna-la mais atrativa ao mercado e assim facilitar a sua venda, sua
privatização. Por isso, devemos reagir”, afirmou.
O mesmo se
repete Brasil afora, com diversas categorias indo à luta para preservar
direitos, pois os patrões e os governos querem “superar a crise” explorando
ainda mais os trabalhadores. “Temos mais de 50 projetos de lei engatilhados no
Congresso Nacional que visam flexibilizar direitos trabalhistas sob o pretexto
de modernizar as relações de trabalho”, denunciou Adaedson.
PRÉ-SAL SOB ATAQUE
Parte
importante dos ataques aos petroleiros e ao país, a tentativa de aprofundar a
entrega do pré-sal ao estrangeiro também tem sido parte estratégica dos
debates. A categoria está cada vez mais consciente que a luta também é pela
preservação desta riqueza, pois uma possível aprovação do projeto de autoria do
senador José Serra, aprovado no Senado após acordo com o governo Dilma, irá
enfraquecer ainda mais a luta por uma Petrobrás 100% Estatal e Pública, a
serviço da população.
O projeto
agora está no Congresso Nacional sob o número 4567/16. Por isso, há algumas
semanas FNP e FUP iniciaram uma série de incursões nos gabinetes dos deputados
para apresentar um contraponto ao lobby que o capital estrangeiro está
exercendo com a ajuda de políticos que não tem o menor compromisso com o país.
Uma cartilha em conjunto foi elaborada para ser distribuída a senadores e
parlamentares. “Após as visitas que fizemos, conseguindo dialogar com alguns
deputados e demonstrar as mentiras que envolvem a Petrobrás, saímos de lá com
alguns resultados positivos. Podemos dizer seguramente que mais de 80% dos
deputados que visitamos desconhecem a real situação da nossa companhia e o que
está em jogo com a venda do pré-sal”, explicou Adaedson.
CONSTRUIR COLETIVAMENTE É UMA SAÍDA PARA A CRISE
Essa forma de
atuação não é novidade. Foi assim em 2015. Antes da vitoriosa greve de 23 dias,
que barrou a retirada de direitos em nosso ACT e pautou a luta contra o
desinvestimento, foi necessário muito trabalho de base com a categoria para
preparar e organizar aquela que viria a ser a maior greve na Petrobrás desde
1995.
Primeiro,
alguns atrasos pontuais. Depois, um calendário sistemático de mobilizações.
Dessa forma, com muito diálogo, fomos superando uma série de dúvidas e
desconfianças que impediam a mobilização da categoria. Dúvidas sobre a
possibilidade de ser construída uma greve nacional, desconfiança de que uma
greve a partir dos sindicatos da FNP poderia servir de pressão para a adesão
dos sindicatos filiados à FUP.
Sentimentos
legítimos que fomos superando e desconstruindo com muita conversa e trabalho de
base. É este exemplo de atuação sindical que estamos aplicando, mais uma vez,
para preparar os petroleiros para uma luta que já está em curso.
A venda de
ativos está a todo vapor e o desmonte de nossos direitos e do patrimônio da companhia
são aplicados das mais variadas formas. Venda total ou parcial de subsidiárias
e campos de petróleo; demissões em massa de terceirizados e, agora, também dos
diretos através do PIDV 2016; manobras contábeis para recusar o nosso direito à
PLR; propaganda mentirosa para inviabilizar nossa luta legítima na Justiça pela
aplicação correta da RMNR. Isso sem falar nas condições de trabalho, na
dificuldade cada vez maior de desempenhar com qualidade e segurança nossas
tarefas no chão de fábrica.
“Sempre ressaltamos
que quem faz greve, quem se mobiliza, é a categoria. Não adianta meia dúzia de
diretores ter o desejo de lutar, é preciso que os trabalhadores estejam
convencidos dessa necessidade. É esse trabalho, de formiguinha, de construção
coletiva da luta, que estamos realizando”, afirma Adaedson.
Fonte: O Boletim Petroleiro, do
Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista
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